domingo, 21 de outubro de 2012

A realidade de quem cuida de nossa SEGURANÇA





É direito de todos e dever do Estado garantir a segurança da sociedade. Quem cobra polícia nas ruas só tem visão de polícia como instituição que representa a força presente do Estado em todas as ocasiões. As pessoas costumam ver como polícia as fardas e as viaturas e tratam os policiais como fatores abióticos que têm obrigação de atender seus desejos, alegando que pagam seus impostos para isso. 

Todos sabem muito bem cobrar e exigir do Estado uma polícia eficiente, educada e pontual, mas ninguém se interessa em saber quem são eles, como vivem e como são tratados os servidores que compõem essa segurança. Para termos uma policia de qualidade, a peça fundamental é a parte humana, que está por baixo de cada uniforme, mas isso parece não ter muita importância para a sociedade. Um detalhe que pode fazer muita diferença na hora de uma ocorrência é o caso de um policial dedicado se esforçar para chegar o mais rápido possível ao local da ocorrência, já os insatisfeitos... 

Todos os profissionais concursados ou não, no exercício de suas funções, têm suas garantias constitucionais e seus amparos nas leis do trabalho. Como exemplo, temos as empresas do ramo de segurança privada, que oferecem aos seus profissionais, além de todos os direitos trabalhistas, auxílios jurídicos e saúde. Caso ocorra qualquer acidente nos postos de serviços de seus vigilantes, a empresa garante total apoio com acompanhamento psicológico a seus funcionários do começo ao fim. 

“O policial militar, em especial o do Maranhão, no início, sonha para entrar e depois um pesadelo para sair”, quando conhece bem de perto a realidade da profissão que abraçou para viver. O Estado dá uma farda, uma arma e pouco treinamento, depois joga o policial nas ruas sem oferecer garantias ou amparo necessário para desempenhar suas atividades. 

Na prática, o policial militar não tem segurança nenhuma, trabalha por conta e risco. Só a policia militar como instituição tem amparo legal, mas esse amparo não se estende ao policial que serve a essa instituição. Uma simples revista a uma pessoa suspeita pode acarretar em processo indenizatório por constrangimento ilegal e abuso de autoridade. O policial responde às broncas relativas ao trabalho como se estivesse a serviço próprio. Para se defender tem que arcar com as despesas do próprio bolso tirando da boca dos filhos para pagar advogado. O Estado adotou como medidas as sindicâncias e os IPM’s para apurar com rigor as queixas e denúncias que eventualmente possam surgir com os trabalhos dos policiais, uma forma encontrada para se isentar de qualquer responsabilidade e jogar toda a culpa nos policiais. Ao assumir seu posto de serviço, inseguro, à mercê da própria sorte, o praça se apega com Deus e todos os santos do céu e da terra, para sair de folga são e salvo e voltar para casa em paz. 

Durante uma ocorrência, se o policial entrar em confronto com bandidos e sair ferido vai parar nos hospitais municipais superlotados, sem assistência nenhuma do Estado, sujeito a morrer jogado nos corredores, a não ser que os familiares interfiram. Caso sobreviva, o policial tem boa parte do salário cortado durante o período em que ficar à disposição da junta médica. Se ficar inválido se aposentará proporcionalmente ao tempo de serviço, além de responder sindicância ou IPM, ficando sujeito a ser punido até com cadeia, se for o caso, depois que se recuperar. 

Se em confronto algum bandido morrer, além de responder sindicância e IPM, o risco é grande do policial ir parar no banco dos réus, como criminoso comum e com um agravante a mais, o de ser agente de segurança pública. Nessas situações, sem contar com apoio jurídico do Estado, o policial para não perder o emprego e a liberdade, é obrigado a se desfazer de tudo que tem para conseguir dinheiro para bancar sua defesa. São poucas as testemunhas de defesa que têm coragem de falar, já as de acusação são muitas, além do ministério público e dos direitos humanos. Os que torcem a favor se resumem apenas em alguns familiares, mas os contra são muitos, começando pelo próprio Estado que joga o policial no fogo e depois não se garante. Se o governo não quer correr o risco de desagradar à sociedade com a policia que tem, então não deveria obrigar o policial a ir para as ruas sacrificar sua vida em nome do Estado, preferindo abandonar e entregar sua cabeça de bandeja para ser hostilizado como resposta, para agradar à mídia e à sociedade. 

A real situação do policial militar é a de trabalhar mais de 44 horas semanais, acima do que determina o artigo 7º da Constituição Federal para todos os trabalhadores do Brasil, isso sem direito às horas extras, adicional noturno, insalubridade e diárias; sem direito a nunca ficar doente, porque na opinião de alguns comandantes da polícia, doença de praças chama-se “enrolação” para não trabalhar. Por terem grandes descontos nos seus contracheques, se forem parar na junta médica, muitos policiais arriscam trabalhar doentes para não comprometerem a renda de suas famílias. Se o policial apresentar um atestado médico de 15 dias de afastamento do serviço na JMS, os médicos da polícia reduzem para 10 ou até menos dias sem perguntar ao praça o que ele sente. 

Portanto, meu amigo, se você pensar que vendo viaturas nas ruas vai estar seguro e protegido, achando que o policial na situação em que trabalha: inseguro de tudo, desmotivado, pressionado, sufocado, nervoso, revoltado, humilhado, frustrado, perturbado, insatisfeito, perseguido, ameaçado, rejeitado, odiado, fadigado, estressado, cansado de enxugar gelo, "cheio de restrições e com pouco respaldo" vai mesmo por a pele dele em risco para salvar a sua! Não se iluda! Eles fazem apenas o mínimo possível. Polícia nas ruas é mais para causar efeito psicológico do que físico. É bom que todos se cuidem para não ficar no prejuízo. 

Levando em conta as exceções, hoje os policiais militares que queiram viver e criar seus filhos serão obrigados a ter a língua curta, enxergar pouco, ouvir pouco, relevar, deixar passar, ignorar, passar a bola, tirar de tempo etc. Ainda serem calmos, cuidadosos, cautelosos, generosos, compreensivos, negociadores, mediadores, salvadores, pacientes, medrosos, mansos, gentis, prudentes, tolerantes, bondosos, sem pressa e simpáticos. Esse é o modelo de polícia comunitária que estão implantando no Maranhão e no Brasil. 

Enquanto a sociedade não valorizar, não colaborar, não der a importância devida, não fizer a sua parte, achando que o problema é só do Estado e não procurarem soluções, só virarem as costas, não levarem a sério a nossa segurança, esse vai ser o modelo de polícia de que vamos dispor por muitas décadas. 

Fonte: blog PM a serviçal da sociedade brasileira.

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